domingo, 28 de dezembro de 2014

Sangue da alma


Desliza lentamente a lâmina sob minha pele em direção ao esquecimento
Gota a gota de sangue o tempo vai parando lentamente
Qualquer noção de vida dentro de mim há muito tempo já se foi
Sufocada pelo fardo de viver em sofrimento
Afogo me diante de minhas lágrimas que diluem em meu sangue
Nos recôncavos de minhas lembranças resta a dor de ternos momentos que não voltam mais
Por tempos tenho vagado sem rumo
Dando voltas e mais voltas em torno do passado afim de achar uma saída para o futuro
Ou apenas  querendo encontrar sua alma no meio dessas voltas
E trazer - te para mim, além de meus sonhos
Que se perderam com sua partida 
E recuperar aquela antiga chama que ardia em mim e hoje está apagada
Venha a mim, retorne aos braços de sua amada
Estou esgotada de sua falta
Volte a compartilhar sua respiração comigo
Deixe-me adormecer em seus braços pela eternidade
Quando seu corpo se esfriou minha alma congelou
Preciso de seu abraço para aquecer novamente essa gélida alma
Estou acorrentada a vida 
E ao meu destino solitária a somente a espera de você
Não tenho mais esperanças
Apenas as lâminas para lembrar que estou viva
Ao mesmo tempo que elas param a dor
Que param o tempo
Elas me sentenciam a vida
Mas não vivo, apenas existo
Talvez por elas serem as únicas que lembram de minha existência 
Os ferimentos causado por existir sejam maior 
Do que o doce deslizar dessas lâminas
Não há motivos para vida
Leve me com você
Leve-me aonde tu estais
Não me deixe só nesse mundo de solidão
Aonde hoje sou apenas a sombra do que um dia já fui
Faça-me desaparecer desse mundo de uma vez por todas
Leve-me carregada em seus braços
Como você fazia quando andava demais e me cansava
Leve-me em seus braços
Pois estou cansada de viver
Sou apenas uma alma afogada no meio do nada
Quem eu sou, quem eu fui
Tudo desparece do nada que me devora
Esse nada vai tomando conta de mim
Dando deixando uma frieza de todo e qualquer sentimento
Uma pessoa cada vez mais vazia
Eu sou nada sem você
E estou me tornando nada
Apenas um ser que vaga entre os vivos
Impedida de deixar de existir
Mas não de viver
Apenas alguém com lâminas que derruba seu sangue
A fim de aliviar o nada e verificar sua existência
Diante desse pútrido mundo de sofrimento
Clarisse Kempoviki

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